Narrativa

Explicamos o que é narrativa, suas características e gêneros narrativos. Além disso, seus elementos, tipos de narrador e personagem.

narrativa
A narrativa apresenta anedotas protagonizadas por personagens.

O que é narrativa?

A narrativa É um dos grandes gêneros literáriospresente ao longo dos séculos em diferentes formas, culturas e ambientes, tanto oralmente como por escrito, o que satisfaz uma das necessidades típicas da civilização humana: a de contar histórias. A presença de uma voz que conta a história, chamada de narrador, é sua característica fundamental e isso melhor o define, distinguindo-o de outros gêneros literários.

A narrativa abrange muitos gêneros narrativos, que muitas vezes mudam historicamente. No entanto, têm sempre em comum a presença de um enredo de anedotas e histórias para contar, uma voz narrativa específica que as enuncia, e Existem personagens que estrelam e desempenham vários papéis dentro dele..

Desde os primeiros mitos e mitologias fundadores, até as recentes produções literárias, cinematográficas e cômicas, a narrativa acompanhou a humanidade e serviu de palco para representar e preservar seus pensamentos, seus valores e suas formas de ver o universo.

O termo “narrativa” também é frequentemente utilizado como empréstimo em outras áreas do conhecimento e das ciências sociais, como a política, para se referir ao conjunto de ideias, valores e relações que se propõem a partir de uma concepção ou modelo de país, e que se baseiam numa relação específica com o passado e o futuro, ou seja, propõem uma história à sua maneira.

Veja também: Texto narrativo

Características narrativas

A narrativa, em termos gerais, é caracterizada pelo seguinte:

  • A presença de um narrador. Toda história tem sempre e necessariamente um narrador, ou seja, uma voz que leva a história adiante e fornece os detalhes necessários para recriá-la de forma imaginativa. Esse narrador pode ou não fazer parte da história (um personagem) e pode utilizar recursos muito diversos para contá-la.
  • As histórias podem ou não ser ficção.. Nos casos em que a anedota é toda fruto da imaginação do autor, utiliza-se o termo “ficção”, embora uma obra narrativa nunca esteja 100% desligada de referências reais, nem mesmo no caso de histórias fantásticas. Convencionalmente, “não-ficção” é entendida como narrativas jornalísticas, autobiográficas ou crônicas.
  • prosa é usada. Embora na antiguidade fosse comum o uso do verso para memorizar histórias destinadas à enunciação oral, a prosa já é utilizada há muito tempo para escrever histórias.
  • As histórias abordam um enredo. Ou seja, devem ter sempre algo para contar, alguma sucessão de acontecimentos, sejam eles reais e externos aos personagens, ou imaginários e subjetivos, internos ou psicológicos.

Gêneros narrativos

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A história em quadrinhos é um gênero narrativo atual com raízes na Antiguidade.

Os gêneros narrativos mudaram muito ao longo do tempo, pois se adaptam às necessidades expressivas da humanidade em seu momento histórico. Inicialmente, na Antiguidade Clássica e na Idade Média, eram conhecidas a epopéia e a epopeia, respectivamente, formas tradicionais de épica, em que as façanhas dos heróis mitológicos eram descritas em longos textos.

É também importante mencionar o mito e a lenda, algumas das formas mais antigas de contar histórias e de tradição oral. Porém, nos tempos modernos consideramos como gêneros narrativos:

  • O conto moderno. Uma história tipicamente breve, com poucos personagens e amplitude moderada, em que um personagem principal é acompanhado do início ao fim de uma série de acontecimentos, e em que geralmente se presencia uma transformação, um acontecimento culminante ou um desfecho chocante. Foi um gênero amplamente cultivado durante os séculos XIX e XX.
  • A novela. O grande gênero narrativo do mundo moderno, especialmente dos dois últimos séculos, é uma forma de história de longa duração dividida em capítulos, em que o leitor se aprofunda nas motivações e no mundo interno dos personagens. Este gênero foi muitas vezes reinventado e atualmente acarreta uma enorme liberdade literária, podendo se fazer passar por documentos de todos os tipos, ou abordar ensaios, poesias e outros gêneros conforme sua conveniência.
  • A crônica. Aproximando-se do jornalismo e numa linha tênue com relação à realidade, a crônica é um gênero comum entre exploradores, jornalistas, viajantes e demais narradores do vivido. Nele, a imaginação é colocada a serviço da verdade subjetiva do autor, ou seja, é utilizada para narrar o vivenciado da forma mais interessante possível.
  • O diário. Gênero muito comum durante os séculos XVIII e XIX, consiste no registro dos acontecimentos cotidianos do autor em uma sucessão datada e organizada cronologicamente, para que possamos acompanhá-lo no relato de acontecimentos importantes de sua vida, em uma viagem ou em uma guerra, por exemplo.
  • Desenho animado. A meio caminho entre a ilustração e a literatura, a história em quadrinhos ou gênero de quadrinhos é uma forma de contar histórias contemporânea que tem raízes na Antiguidade e na Idade Média. Às vezes chamada de “arte sequencial” ou “narrativa sequencial”, consiste em um conjunto de imagens e texto colocados lado a lado para compor uma história reconhecível.
  • A cinematografia. Género narrativo moderno que constitui um género artístico em si, tecnicamente relacionado com a fotografia. Utiliza tecnologia audiovisual (captação de imagem e som) para contar uma história ficcional, utilizando efeitos especiais e recursos de câmera para dar-lhe verossimilhança.
  • Os video games. Outra forma de histórias essencialmente contemporânea, fruto do rápido desenvolvimento e popularização dos computadores no final do século XX, que permitiu a criação de experiências audiovisuais narrativas e interativas, nas quais o utilizador entra em mundos fictícios para participar (ou por vezes controlar) o desenvolvimento da história.

Elementos da narrativa

Os elementos que compõem cada forma de narrativa são os seguintes:

  • O narrador. A voz encarregada de contar a história a partir de um ponto de vista pré-determinado e utilizando uma linguagem específica.
  • A trama. O conjunto de anedotas e descrições que compõem a história, ou seja, o que acontece com os personagens e que o leitor deseja descobrir à medida que lê.
  • As personagens. As instâncias em que ocorrem os acontecimentos da trama, sejam elas protagonistas ou não. O narrador pode ou não ser um deles.
  • O cenário. Com maior ou menor presença na história, trata-se do local e do tempo em que ocorrem os acontecimentos da trama. Pode ser um futuro remoto, um passado específico ou um presente difuso, para citar alguns exemplos.
  • A linguagem ou estilo. Trata-se da forma como o enredo é escolhido para ser contado, do ponto de vista linguístico e poético, ou seja, o tipo de palavras utilizadas, o tom geral (atmosfera) da história, etc.

Tipos de narradores

Os narradores podem ser de tipos muito diferentes, dependendo da forma como contam a sua história, ou seja, fundamentalmente, do ponto de vista que escolhem e da sua participação (ou não) na trama. Assim, podemos falar sobre:

  • Narradores em primeira pessoa. Aqueles que falam do “eu” e contam a história como se dela fizesse parte, ou seja, são ao mesmo tempo personagem e narrador. Portanto, podem ser os protagonistas da história (narrador protagonista) ou podem ser testemunhas do ocorrido (narrador testemunha).
  • Narradores em segunda pessoa. Aqueles que contam a história a um narrado, ou seja, que se dirigem constantemente a uma segunda pessoa gramatical (“você”, “você”, “vos”, etc.). Este narrador é muito raro, pelas limitações estilísticas e narrativas que implica.
  • Narradores em terceira pessoa. Aqueles que falam de “ele” ou “ela” ou “eles”, para se referir aos personagens da história. Isso significa que eles veem os acontecimentos narrados de fora, sem fazer parte deles e sem serem eles próprios personagens. Podem também ser narradores oniscientes, que tudo vêem e sabem, como se tivessem a perspectiva de Deus; ou narradores-testemunhas desencarnados, cujo melhor equivalente seria o ponto de vista da câmera cinematográfica.

Tipos de caracteres

Os personagens também podem ser classificados de acordo com seu papel dentro da história contada, da seguinte forma:

  • personagem principal. A quem a história acontece, ou seja, o personagem principal, que pode ou não ser o narrador da história. A narrativa geralmente depende dele e o acompanha em suas ações, e em caso de sua morte a história não costuma continuar.
  • Personagens antagonistas. Aqueles que se opõem aos desejos do protagonista ou que servem de contrapeso, ou seja, os “vilões” ou “bandidos” da história. Isso não significa necessariamente que devam ser maus do ponto de vista moral, mas sim que estão simplesmente do lado oposto do protagonista.
  • Personagens secundários. Aqueles que acompanham o protagonista na narração contada, e que constituem o seu mundo emocional imediato, como família, amigos, parceiros, companheiros de aventura, etc. Eles podem ser dispensados ​​sem que a história necessariamente tenha que terminar.
  • Personagens terciários. Aqueles que povoam o mundo possível da história, e que não desempenham nenhum papel nela, além de algum acontecimento específico ou circunstancial. Não sabemos nada sobre eles, muitas vezes nem mesmo o nome, e não nos importamos, pois fazem praticamente parte do cenário da história.

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Referências

  • “Narrativa” na Wikipedia.
  • “Introdução à narrativa” em Ensayistas.org.
  • “Gênero narrativo” (vídeo) em Educatina.
  • “Tipos de personagens” em Redação e edição.
  • “Tipos de narradores e suas características” em Writing Central.
  • “Narrativa (arte)” na Enciclopédia Britânica.