Gênero narrativo

Explicamos o que é o gênero narrativo e quais são suas características. Além disso, contamos quais são os subgêneros narrativos.

Subgêneros mais específicos são agrupados dentro do gênero narrativo, como o conto e o romance.

Qual é o gênero narrativo?

O gênero narrativo, também conhecido como narrativa, é um dos gêneros fundamentais da literatura, ou seja, uma das formas básicas de produção dos textos literários. Sua característica essencial é que Suas obras reconstroem uma história, utilizando a voz de um narrador.ou seja, uma instância imaginária encarregada de contar a história.

A narrativa É uma das formas de arte mais antigas. Suas origens são incertas, remontando aos tempos anteriores à escrita, quando as histórias eram memorizadas e recitadas, e transmitidas oralmente de uma geração para outra. Assim, muitos textos antigos foram compostos em versos, pois o som da rima permitia uma memorização mais fácil.

Algumas das primeiras obras literárias, como épicos, hinos religiosos e canções mitológicas, foram criadas como uma longa narrativa, ou seja, um conjunto de acontecimentos e aventuras que ocorrem de forma organizada. Essas obras muitas vezes eram fruto de autores diferentes e, portanto, contavam com narradores diferentes. Por exemplo, cada um dos quatro evangelhos cristãos tem um autor diferente (um apóstolo de Cristo) e, portanto, conta a vida do Messias a partir de quatro perspectivas diferentes.

Hoje, o gênero narrativo Constitui, junto com a poesia, a dramaturgia e o ensaio, um dos gêneros literários fundamentaisdentro dos quais se agrupam outros subgêneros mais específicos, como o conto e o romance.

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Características do gênero narrativo

Em linhas gerais, as obras do gênero narrativo apresentam as seguintes características:

  • Eles contam uma história de certa forma, usando a voz de um narrador. Essas histórias podem ser reais ou fictícias.
  • Eles usam recursos retóricos e estilísticos para embelezar e tornar sua história mais interessante, como metáforas, diálogos e descrições.
  • Eles têm um número variável de caracteres, cujas ações compõem a história a ser contada. Essas ações ocorrem em um lugar, tempo e contexto específicos.
  • Eles têm três partes fundamentais: um começo em que a situação e os personagens são apresentados, uma complicação onde surgem obstáculos para os personagens superarem, e um resultado que dá encerramento e significado à trama.
  • Podem ser obras extensas e dispersas (como um romance) ou curto e direto (como uma história).

Os subgêneros narrativos

Como existem muitas formas diferentes de narração literária, costumamos falar de subgêneros narrativos (isto é, gêneros dentro do gênero narrativo), ou também de gêneros narrativos, para nos referirmos às principais tendências dentro da narrativa.

Os tipos de narração literária são principalmente três:

  • A história. Consiste numa narrativa curta (embora não haja limite específico de extensão), que se centra na acção desenvolvida pelas personagens e que se destina a ser lida directamente, ou seja, de uma só vez. A história pode ser moderadamente longa (como o longa história curta anglo-saxão) ou pode ser muito breve (como a micro-história ou micro-história), mas sempre oferece ao leitor um universo ficcional finito, fechado em si mesmo. Por exemplo: “El aleph” do argentino Jorge Luis Borges (1899-1986) ou “O dinossauro” do hondurenho Augusto Monterroso (1921-2003).
  • A novela. Consiste em uma narrativa geralmente extensa (embora não haja limite certo para sua extensão), que se concentra na vida, na psicologia e muitas vezes no passado de seus personagens, e não simplesmente na ação realizada por eles. Ao contrário do conto, o romance é rico em detalhes e digressões, pois foi pensado para ser lido em partes, denominadas capítulos. O universo ficcional que oferece ao leitor é aberto, pode se passar em diferentes épocas e costuma ser povoado por inúmeros personagens. Por exemplo: A festa da cabra do peruano Mario Vargas Llosa (1936-) ou A jornada vertical do espanhol Enrique Vila-Matas (1948-)
  • A crônica. Consiste em uma narrativa de duração indeterminada, na qual os acontecimentos ocorridos são organizados cronologicamente e abordados subjetivamente. Normalmente é um gênero de não-ficção (embora também existam crônicas ficcionais), que utiliza os recursos estilísticos da literatura. A crônica é um gênero híbrido e contemporâneo que pode abranger diversas formas de escrita, como o diário, o livro de memórias ou a autobiografia. Por exemplo: Crônicas Marcianas pelo americano Ray Bradbury (1920-2012) ou Nossa América do cubano José Martí (1853-1895).

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Elementos de uma narrativa

Em cada narrativa pode ser encontrado um determinado conjunto de elementos que a compõem e dão sentido ao texto. Esses elementos são:

  • Narrador. É o elemento fundamental de todo trabalho narrativo, a tal ponto que não pode haver uma história que não tenha narrador, ou seja, que não tenha uma voz que conte a história. O narrador é uma voz fictícia, que pode ou não ser a de um personagem da história, cuja tarefa é contar os acontecimentos da trama sob uma perspectiva específica. Não deve ser confundido com o autor, que é a própria pessoa que escreveu a história.
  • Personagens. São estes os atores que intervêm na história contada, sejam eles protagonistas ou não. Os personagens são fundamentais para a história, pois são eles que realizam as ações ou, em qualquer caso, quem as sofre. Uma história pode ter poucos personagens ou pode estar repleta deles.
  • Cenários. São esses os lugares, reais ou inventados, onde se desenrola a ação da história. Esses cenários servem de cenário ou pano de fundo para a história, mas também nela intervêm na medida em que os personagens interagem com os objetos ou espaços ao seu redor.
  • Argumento. É o conjunto de ações e acontecimentos que compõem a história e que acontecem aos personagens em um cenário específico. Também é conhecido como “enredo” ou “ação” e é o que move a história desde o início até o seu desfecho.
  • Tempo. É a quantidade de tempo que os acontecimentos da história envolvem, ou seja, pode consistir em alguns minutos ou vários anos de vida dos personagens (tempo interno). Isto pode ser organizado de forma cronológica e previsível, ou de outras formas diferentes. O momento histórico em que a trama se passa também faz parte do tempo: o passado pré-histórico, o presente, o futuro remoto, entre outros (tempo externo).

Tipos de narradores

Embora toda história tenha necessariamente um narrador, nem todos os narradores são iguais nem procedem da mesma forma para contar sua história. Nesse sentido, os narradores podem ser distinguidos com base em dois critérios diferentes:

Tipos de narradores de acordo com seu ponto de vista gramatical

Considerando o ponto de vista linguístico com que contam a história, ou seja, a forma como se referem aos acontecimentos da trama, é possível distinguir três tipos de narradores:

  • Narrador em primeira pessoa (eu). Esse narrador conta a história a partir de sua própria subjetividade, fazendo mais ou menos referência a si mesmo, aos seus pensamentos e ao seu passado, já que é comum que ele seja personagem da trama. Dependendo do caso, use os pronomes ei ó nós para contar a trama.
  • Narrador em segunda pessoa (você). Esse narrador conta a história a um destinatário ou narratário, que pode ou não ser personagem da trama. É um narrador raro, pelas dificuldades envolvidas, e utiliza pronomes em sua história. você ó você.
  • Narrador em terceira pessoa (ele/ela). Esse narrador conta uma história na qual não está necessariamente envolvido, ou seja, conta o que acontece com outras pessoas ou já aconteceu com elas. Para isso use os pronomes eleela, eles e eles.

Tipos de narradores de acordo com sua perspectiva da trama

Considerando o grau de envolvimento que têm na trama e a perspectiva com que a narram, é possível distinguir três tipos de narrador:

  • Narrador protagonista. Ele é ao mesmo tempo o narrador da história e o personagem principal, portanto coincide com o narrador em primeira pessoa. Os acontecimentos da trama ocorrem ou ocorreram com ele mesmo, por isso ele os conta a partir de sua subjetividade, limitando-se à sua própria experiência e perspectiva.
  • Narrador testemunha. Ele é ao mesmo tempo o narrador da história e um personagem diferente do protagonista da história. Nesse caso, o personagem narrador limita-se a contar o que sabe, seja porque presenciou ou porque, por sua vez, lhe foi contado. Para fazer isso, utiliza uma combinação da gramática de primeira e terceira pessoa.
  • narrador equisciente. Ele presencia as ações da trama sem fazer parte dela, para isso adota o ponto de vista de um personagem. Portanto, ele conta a trama na terceira pessoa e normalmente sem se referir a si mesmo, pois carece de subjetividades.
  • Narrador onisciente. Ele presencia todas as ações da trama, independente de quando e onde elas ocorrem, bem como as subjetividades de todos os personagens envolvidos, sejam eles protagonistas ou não. Ele é um narrador que sabe absolutamente tudo e que usa a terceira pessoa gramatical para contar.

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Tipos de personagens em uma narrativa

Os personagens de uma história constituem seus atores principais, uma vez que lhes ocorrem os acontecimentos da trama. De acordo com sua importância na história, pode-se fazer uma distinção entre:

  • Principais personagens. São aqueles personagens sem os quais a trama não poderia acontecer e aos quais é dada mais atenção e tempo na história. Esses personagens podem, por sua vez, ser classificados da seguinte forma:
    • Personagens principais. São aqueles a quem ocorrem os acontecimentos da trama e com quem o leitor da história se identifica emocionalmente.
    • Personagens antagonistas. São aqueles que se opõem aos protagonistas e à realização dos seus desejos ou tarefas, desempenhando o papel de rivais ou inimigos.
  • Personagens secundários. São aqueles personagens que acompanham os protagonistas e que desempenham um papel muito específico e limitado na trama. Depois que esse papel ocorre, eles geralmente não aparecem em cena novamente.

tempos narrativos

Os tempos narrativos são as construções temporais da história, ou seja, a forma como o tempo flui ou é organizado dentro da história. Refere-se à forma como os acontecimentos são apresentados na sucessão da trama. Assim, podemos distinguir entre:

  • Tempo linear ou sequencial. É aquele cujos acontecimentos são narrados em estrita ordem cronológica, ou seja, começando pelo início, depois pelo meio e por fim pelo fim.
  • Tempo em contraponto. É aquele cujos acontecimentos são narrados fora da ordem cronológica, ou seja, contam as coisas independentemente de terem ocorrido antes ou depois, de forma a gerar um efeito dramático ou suspense.
  • Tempo prospectivo. É aquele cujos eventos futuros são narrados antes de acontecerem na história. É popularmente conhecido como avançar.
  • olhe para trás no tempo. É aquele cujos acontecimentos passados ​​são narrados como se estivessem presentes na história. É popularmente conhecido como flashback.

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Referências

  • Garcia Landa, JA (1986). “O modo do gênero narrativo: várias interpretações.” Miscelánea: uma revista de estudos ingleses e americanos. vol. 7. pp. 61-67.
  • Contursi, ME e Ferro, F. (2000). Narração: usos e teorias. Norma.
  • A Enciclopédia Britânica. “Narrador (literatura)”. https://www.britannica.com/