Reino monera

Explicamos o que é o reino monera, a origem do termo, suas características e classificação. Qual é a sua taxonomia e exemplos.

Reino monera - bacteria
Os organismos do reino Monera são unicelulares e procarióticos.

O que é o reino monera?

O reino monera é um dos grandes grupos em que a biologia classifica os seres vivos, como o reino animal, vegetal ou fúngico. Compreende as formas de vida mais simples e primitivas conhecidasque podem ser de natureza muito diversa, embora tenham características celulares comuns: são unicelulares e procarióticos.

O reino monera É anterior a todos os outros que existem Mas ainda hoje existem muitas dúvidas sobre o aparecimento de células eucarióticas na Terra, um marco fundamental no desenvolvimento dos seres multicelulares. Uma das ideias mais aceitas é a chamada Teoria da endossimbiose serialdesenvolvida pela bióloga americana Lynn Margulis em 1967. Essa teoria propõe que um par de organismos unicelulares pertencentes ao reino Monera teria desenvolvido uma simbiose muito próxima, o que levou um a passar a fazer parte do corpo do outro, cuidando de algumas funções internas. .

Hoje o termo monera está fora de uso. Outros modelos de classificação são preferidos, como o proposto por Carl Woese na década de 1970, que distingue três domínios: Eucário (que inclui todos os organismos eucarióticos), Arqueia (arqueobactérias) e Bactérias (bactérias), sendo estes dois últimos os que anteriormente formavam o reino monera, e aqueles que agrupam todos os organismos procarióticos.

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Origem do termo monera

Reino monera
Edóard Pierre Chatton descobriu que as bactérias não possuem núcleo celular.

O termo “monera” tem suas raízes na palavra grega bonitinho (“simples”), e tem sido utilizado ao longo do tempo, alterando seu significado específico. Em principio foi proposto pelo naturalista e filósofo alemão Ernst Haeckel em 1866, que foi o primeiro a propor uma classificação da vida baseada no evolucionismo. Distinguiu três reinos: animal, vegetal e protista, reunindo neste último todas as formas de vida “simples” ou “primitivas”, que não pareciam ter uma relação específica com animais e plantas, considerados “superiores”. Haeckel colocou as moneras microscópicas ou bonitinho na base da árvore evolutiva e os classificou dentro do reino protista.

Mais tarde, na década de 1920, o O naturalista francês Édouard Pierre Chatton descobriu que as bactérias não possuem núcleo celular e, a partir dessa constatação, propôs a distinção e utilização dos termos procariontes e eucariontes no mesmo sentido em que são utilizados atualmente, ou seja, organismos sem e com núcleo celular respectivamente. Como resultado, em 1939, Fred Alexander Barkley usou o termo monera para se referir a um novo reino formado pelo conjunto de todos os organismos procarióticos, e que foi dividido entre arqueófitos ou Arqueófita (atual cianobactéria) e esquizófitas ou Schizófita (bactérias).

Mais tarde na história, em 1956, O biólogo americano Herbert Copeland reorganizou os reinos da vida em quatro categorias: animais, plantas, protoctistas (onde estavam os eucariotos unicelulares e os de organização simples) e moneras (onde estavam os procariontes). A esta classificação o ecologista americano Robert Whittaker acrescentou o reino dos fungos (Fungi) em 1969 e é esta última versão dos cinco reinos, revista em 2000, que ainda hoje aparece em muitos textos e cursos de Biologia.

Porém, embora esta classificação continue a ser utilizada popularmente, o termo monera desapareceu da literatura técnica, após as alterações propostas pelo microbiologista americano Carl Woese, conhecido como o criador da nova taxonomia molecular. Na década de 1970, este cientista descobriu que os procariontes se enquadram em dois grupos distintos com base na sua estrutura, composição e genética molecular. Assim, Woese propôs a reorganização deste grupo de organismos em dois táxons diferentes, Arqueia (o arqueas) y Bactérias (também chamada de Eubactérias), com a nova categoria de domínio. O outro domínio, Eucárioé formado por todos os organismos eucarióticos, divididos nos quatro reinos já descritos: Protista, Animalia, Fungos sim Plantae.

Características do reino Monera

Bactérias
As espécies do reino Monera não possuem organelas de nenhum tipo.

As espécies do reino monera podem ser muito diversas em sua morfologia e hábitos de vida, mas possuem características mínimas de simplicidade evolutiva e biológica que as unificam, tais como:

  • Eles medem de 3 a 5 micrômetros. Eles são os menores seres vivos que existem no planeta.
  • Eles são unicelulares e procarióticos. São organismos unicelulares, ou seja, células autônomas que não formam tecidos, colônias ou organismos mais complexos, e que também carecem de núcleo celular onde repousa seu DNA.
  • Sem organelas de qualquer tipo. Ao contrário das células eucarióticas, que são muito maiores e mais complexas por dentro, as moneras são células sem “órgãos internos”, como mitocôndrias ou plastídios, embora possuam estruturas simples que realizam processos internos.
  • Reprodução assexuada. Os processos de reprodução das moneras não envolvem meiose ou produção de gametas (células sexuais), mas envolvem fusão binária e outros processos em que um indivíduo dá origem a dois idênticos.
  • Circular do ADN. O DNA dessas espécies encontra-se solto no citoplasma e possui uma hélice circular em vez de dupla, sendo muito mais simples e menor.
  • Nutrição. Muitas moneras são heterotróficas (saprófitas, parasitas ou simbióticas), ou seja, alimentam-se de matéria orgânica do meio ambiente; mas também podem ser autotróficos (fotossintéticos ou quimiossintéticos), aproveitando a luz solar ou reações químicas do ambiente para produzir seu próprio alimento.

Classificação do reino monera

Reino monera
As cianobactérias realizam a fotossíntese de maneira diferente das plantas.

As moneras abrangem três grandes grupos, que são:

  • Eubactérias. Seu nome significa “bactérias verdadeiras” e representam as formas mais simples de vida celular conhecidas na Terra. Este grupo de organismos procarióticos possui um único cromossomo e uma parede celular rígida composta por peptidoglicano. Algumas bactérias são móveis e possuem flagelos que usam para se mover. Podem apresentar diversos formatos e com base neste critério podem ser classificados em bacilos (em forma de bastonete), cocos (formato redondo), espirilos (em forma de saca-rolhas) e vibrios (em forma de vírgula).
  • Arqueobactérias. Esse grupo de microrganismos procarióticos compartilha algumas características com as bactérias, como a falta de núcleo, mas suas diferenças, como a composição de sua parede celular, os colocam em um táxon separado. As arqueobactérias são caracterizadas por viver em condições que impossibilitam a vida de outros seres vivos. Assim, são encontrados em habitats extremos, onde sobrevivem aproveitando os recursos químicos do ambiente: salinidade, calor, pH, etc. Acredita-se que sejam tão numerosos que constituem 20% da biomassa terrestre.
  • Cianobactéria. Conhecidas como algas verde-azuladas, são os únicos organismos procarióticos capazes de realizar fotossíntese oxigenada, embora de uma forma ligeiramente diferente das plantas. São os maiores seres procarióticos: podem atingir dimensões de até 60 micrômetros. A sua presença na maioria dos habitats permite-lhes formar relações simbióticas com outras espécies.

Taxonomia do reino Monera

Este reino foi inicialmente subdividido em dois: bactérias e archaea, cada um com sua subclassificação. Mas após a descoberta do ADN ribossómico na década de 1980, foi estabelecida uma nova classificação baseada em quatro grupos diferentes:

  • Mendosicutesarchaea ou arqueobactérias. Archaea significa “antigo”, uma vez que inicialmente foram considerados uma espécie de protobactéria. É difícil classificá-los porque são realmente muito pequenos, mas possuem rotas metabólicas e processos internos muito mais semelhantes aos eucariontes do que a outros procariontes tradicionais.
  • Mollicutes, Tenericutes o micoplasmas. São um tipo de bactéria principalmente parasitária, cuja característica notável é que não possuem a parede celular presente na maioria das bactérias e possuem uma das formas e códigos genéticos mais simples conhecidos.
  • Gracilicutes o bacterias gram negativas. Eles são um supergrupo de bactérias que compõem os grupos Espiroquetas, Proteobactérias, Planctobactérias sim Esfingobactérias. Caracterizam-se por possuírem uma parede celular muito fina (às vezes até ausente) composta por mureína e uma membrana plasmática dupla. As características de sua parede celular significam que não são suscetíveis à coloração de Gram, daí seu nome.
  • Firmicutes o bacterias gram positivas. Chamadas de endobactérias, elas possuem uma parede celular muito espessa e têm o formato de um bacilo ou coco. Nesse grupo estão as bactérias gram positivas, que respondem à coloração de Gram adquirindo coloração azul ou violeta.

Importância do reino monera

Os membros do reino Monera foram os primeiros organismos que existiram quando a vida se originou de uma forma ou de outra no planeta. A sua simplicidade permitiu-lhes emergir e sobreviver nas condições iniciais hostis da Terra, e ainda hoje é possível encontrar representantes deste grupo em habitats onde outras formas de vida não conseguem se adaptar ou sobreviver. A partir desta abordagem, Estudar as moneras é tentar aprofundar nosso conhecimento sobre a própria origem da vida..

Atualmente é conhecido um grande número de organismos pertencentes ao reino monera, incluindo vários que podem viver em animais, humanos e plantas. Dentro deste grupo, muitos são agentes infecciosos de seres humanos, cuja compreensão nos permitirá combater melhor as doenças e salvar vidas. Por outro lado, muitos microrganismos classificados neste reino Eles são usados ​​por humanos em diferentes indústrias, como a farmacêutica. (para produzir antibióticos) ou comida (na produção de laticínios).

Por fim, vale ressaltar a importância do reino monera no meio ambiente, em relação ao seu papel nas cadeias e redes alimentares. Muitas bactérias são decompositoras e por isso permitem que o ciclo do carbono se complete, devolvendo esse elemento à sua forma inorgânica. Existem também outros fixadores de nitrogênio ou oxigênio.

Exemplos de moneras

Reino monera
Escherichiacoli frequentemente parasita o trato digestivo humano.

Alguns exemplos de membros do reino monera são as diversas bactérias conhecidas pela humanidade, como Escherichia colium bacilo gram-negativo que frequentemente parasita o trato digestivo humano, ou o Clostridium tetani, uma bactéria muito comum no solo e no trato digestivo dos animaisque pode causar tétano em humanos, uma doença letal, quando entra no sangue.

Pode ajudá-lo: Vírus

Referências

  • “Monera” na Wikipédia.
  • “Reino moneras” em Recursos do Ministério da Educação de Espanha.
  • “Reino Monera” na BioEnciclopédia.
  • “Reino Monera” no ABC Color.
  • “Monerano (procarioto)” na Enciclopédia Britânica.