Perspectiva (artes gráficas)

Explicamos o que é perspectiva nas artes visuais, seus tipos e elementos que a compõem. Além disso, qual é a perspectiva de gênero.

perspectiva
A descoberta da perspectiva foi revolucionária na história das artes.

O que é perspectiva?

No mundo das artes visuais e do design gráfico, a perspectiva é conhecida como método de representação de objetos e espaços tridimensionais em um plano bidimensional (como uma tela ou papel), de forma que o efeito de tridimensionalidade ou volume se produza diante dos olhos.

Esta técnica baseia-se na intersecção geométrica de um plano específico, com um conjunto de retas (raios ou visuais) que unem cada ponto do objeto representado com o ponto a partir do qual é observado (ou seja, o ponto de vista). Isto equivale a dizer que a perspectiva funciona como uma representação da luz na cena desenhada ou pintadajá que os raios de luz sempre se movem em linha reta.

A descoberta da perspectiva foi um acontecimento revolucionário na história das artes, pois nem na antiguidade nem na Idade Média se sabia captar a distância e a profundidade, mas tudo era representado no mesmo plano, sem fundo, com contornos claros e sem classificação de cores.

Foi durante o período gótico que surgiram as primeiras tentativas de perspectiva, baseadas não no técnico, mas no religioso: figuras com maior significado divino, como a Virgem Maria ou o próprio Jesus Cristo, eram representadas maiores que as restantes. Isso mais tarde ficou conhecido como perspectiva teológica.

Muito tarde, ele O estudo formal da perspectiva começou durante a Renascença Florentinaquando artistas como Andrea Mantegna (ca. 1431-1506), Lorenzo Ghiberti (1378-1455) ou Massacio (1401-1428) se dedicaram a descobrir a matemática por trás das proporções, estabelecendo os princípios básicos para reproduzir a distância.

Todos aqueles princípios que mais tarde foram aperfeiçoados pelos gênios artísticos de Michelangelo (1475-1564), Rafael (1483-1520) ou Leonardo da Vinci (1452-1519).

Veja também: Desenho

Tipos de perspectiva

axonometria de tipos de perspectiva
Em perspectiva, as linhas paralelas podem convergir em um ou mais pontos de fuga.

Em termos gerais, existem dois tipos de perspectivas, tendo em conta a posição relativa entre o que é representado e o ponto de vista:

Perspectiva cónica o central. É aquele que representa objetos menores à medida que se afastam do observador. Neste caso, as linhas paralelas do modelo convergem para um ponto de fuga, e as linhas visuais formam um feixe cônico cujo vértice é o ponto de vista. É o tipo de perspectiva que as câmeras produzem e que tanto artistas quanto arquitetos utilizam.

Perspectiva axonométrica. É aquele em que todos os raios são paralelos entre si, fazendo com que o ponto de vista fique localizado no infinito. As linhas do desenho não convergem em nenhum ponto de vista, nem o tamanho dos objetos distantes do observador é reduzido. É uma perspectiva com longa tradição na alvenaria e na engenharia militar, podendo por sua vez ser classificada em dois grupos distintos:

  • Perspectivas ortogonais. São aqueles em que as coordenadas da representação coincidem com a projeção real dos eixos coordenados do modelo. Isso significa que a perspectiva é criada quando traçamos todas as linhas perpendiculares que se projetam do modelo, obtendo assim dois ou mais pontos de vista a partir dos quais ela é observada.
  • perspectivas oblíquas. São aqueles em que as retas perpendiculares ao plano de representação apresentam inclinação diferente de 90° (ou seja, são oblíquas), permitindo que as faces paralelas do plano sejam representadas em escala real.

Por outro lado, entre os perspectivas ortogonais nós achamos:

  • Perspectiva isométrica. Aquela em que os objetos tridimensionais são representados projetando seus eixos ortogonais principais de forma que formem ângulos de 120°, e em que as dimensões paralelas a esses eixos são medidas na mesma escala.
  • Perspectiva dimétrica. Útil para representar volumes, utiliza ângulos de 105° e 150° para representar os eixos ortogonais de objetos tridimensionais. É muito comum representar objetos mais longos do que largos e altos.
  • Perspectiva trimétrica. Neste caso, o objeto representado está inclinado em relação ao plano da pintura, de forma que seus eixos ortogonais respondam a ângulos de 100°, 120° e 140°.

Por outro lado, entre os perspectivas oblíquas figuran:

  • Perspectiva do cavaleiro. É aquele em que se utiliza a projeção paralela oblíqua, ou seja, em que duas dimensões do volume a ser representado (a altura e a largura) são representadas em sua verdadeira magnitude, enquanto a terceira (a profundidade) em um coeficiente de redução , que geralmente é 1:2, 2:3 ou 3:4. Além disso, os eixos Y e Z formam um ângulo de 90°, enquanto o X geralmente tem um ângulo de 45° (ou 135°) para ambos. Na América Latina estas proporções podem ser ligeiramente diferentes (ângulo de 45° e nenhum tipo de redução).
  • Perspectiva militar o cabinet. Neste caso, o eixo Z é tomado como vertical, sendo o mesmo conseguido na vida real, a menos que o objeto possa ser visto de uma altitude considerável.

Elementos de perspectiva

Todas as perspectivas são compostas por uma série de elementos comuns, que são:

  • linha do horizonte. Uma linha imaginária que está diante dos nossos olhos, e isso especialmente nas pinturas, é a chave para localizar espacialmente o conteúdo (e os pontos de fuga). Uma forma simples de defini-lo é como aquele ponto onde o mar e o céu (ou a terra e o céu) se tocam.
  • Pontos de vazamento. Localizados, precisamente, na linha do horizonte, estão aqueles pontos para os quais tende a visão, ou seja, as linhas que unem a nossa visão ao objeto observado. Numa mesma representação podem existir um, dois ou três pontos de fuga, dependendo se se trata de uma perspectiva lateral, oblíqua ou aérea, respetivamente.
  • Plano de imagem. Este é o nome dado à superfície física sobre a qual pintamos ou desenhamos, ou seja, o papel ou a tela. Leonardo da Vinci chamou isso de “janela”.
  • Ponto de vista. É o ponto imaginário a partir do qual observamos o que está representado e que é determinado pela forma como nos posicionamos em relação a ele. Está necessariamente no mesmo plano da linha do horizonte e na mesma altura do ponto de fuga.
  • linha de terra. É uma linha imaginária sobre a qual repousa o objeto representado e que, portanto, por sua vez representa a presença da superfície que o sustenta.

Perspectiva de gênero

O termo “perspectiva de género” aponta para algo muito diferente do que foi explicado neste artigo até agora. É uma perspectiva conceitual e/ou analíticaem vez de uma perspectiva visual, e caracteriza-se por reunir as metodologias e procedimentos que servem estudar as próprias ideias do feminino e do masculinoe a forma como ambos atuam nas diferentes áreas do conhecimento humano.

Assim, se analisarmos uma obra literária numa perspectiva de género, por exemplo, é provável que prestemos especial atenção aos papéis atribuídos a homens e mulheres, bem como às representações da homossexualidade e/ou transexualidade. O mesmo pode ser feito com qualquer tipo de discurso, pois é um “modo” de compreender, análogo ao “modo” de olhar que a perspectiva representa na arte.

Continue com: Desenho técnico

Referências

  • “Perspectiva” na Wikipédia.
  • “Perspectiva de gênero” na Wikipedia.
  • “Perspectiva, va” no Dicionário de Línguas da Real Academia Espanhola.
  • “Tipos de perspectiva” de Carlos Ruiz Brussain na Universidade Aberta da Catalunha (Espanha).
  • “Perspectiva na pintura” em Cossio.net.
  • “Perspectiva (arte)” na Enciclopédia Britânica.