Guerra de Reforma

Explicamos o que foi a Guerra da Reforma no México, suas causas e consequências. Além disso, seus protagonistas e as Leis da Reforma.

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A Guerra da Reforma começou como resultado de tentativas liberais de criar um Estado moderno.

O que foi a Guerra da Reforma?

Na história mexicana, é conhecida como Guerra da Reforma ou Guerra dos Três Anos. uma guerra civil que opôs os liberais e conservadores do México. Esses foram os dois partidos mais importantes do país. O conflito durou entre 1858 e 1861 e eclodiu como resultado da oposição dos conservadores à Constituição de 1857 e às leis reformistas que procuravam suprimir os privilégios eclesiásticos e nobres.

A Guerra da Reforma confrontou o modelo de sociedade e de administração económica herdado da era colonial, defendido pelos conservadores, com os ideais de um Estado democrático moderno e a separação entre Igreja e Estado, proposta pelos liberais. Durante a guerra coexistiram dois governos, um reconhecido pelos conservadores e liderado sucessivamente pelos generais Félix Zuloaga e Miguel Miramón, e outro reconhecido pelos liberais e liderado por Benito Juárez.

Esta guerra custou a vida a milhares de combatentes e terminou com a vitória dos liberaisque após derrotar o exército conservador na batalha de Calpulalpan, conseguiu impor Juárez como presidente da República.

Após as eleições de 1861 que estabeleceram Juárez como presidente constitucional, novas medidas foram tomadas, como a secularização dos hospitais, o que desencadeou novas revoltas dos conservadores, o que deixou claro que o panorama político continuava instável.

Durante a presidência de Juárez começou a segunda intervenção francesa no México (1862-1867)em que o Império Francês, aliado aos setores conservadores, invadiu o México e impôs o governo monárquico de Maximiliano de Habsburgo, conhecido como Segundo Império Mexicano.

Pontos chave

  • A Guerra da Reforma foi uma guerra civil que ocorreu no México entre 1858 e 1861.
  • Enfrentou os liberais, que aspiravam a um Estado moderno e laico, e os conservadores, que defendiam o poder da Igreja e das estruturas antigas.
  • Seus principais líderes foram o liberal Benito Juárez e os conservadores Félix Zuloaga e Miguel Miramón.
  • Terminou com a vitória liberal e o estabelecimento de reformas seculares, embora tenha levado a uma intervenção francesa entre 1862 e 1867.

Veja também: Revolução Mexicana

Causas da Guerra da Reforma

Os antecedentes da Guerra da Reforma devem ser traçados no panorama posterior à Revolução de Ayutla que pôs fim ao governo ditatorial de Antonio López de Santa Anna e que levou à a promulgação da Constituição de 1857 sob o governo de Ignacio Comonfort.

Desde meados do século XIX Os liberais tentaram construir uma Estado moderno baseada no Estado de Direito e na separação entre Igreja e Estado, em detrimento dos interesses dos setores conservadores e religiosos, que se manifestaram contra estas mudanças através do Plano Tacubaya.

O Presidente Comonfort inicialmente apoiou o plano dos conservadores, mas depois Ele recusou a proposta de reverter as leis liberais e revogar a nova Constituição. Começou assim um período de instabilidade política que culminou com a saída do governo Comonfort e o confronto de dois governos paralelos: o de Benito Juárez, presidente do Supremo Tribunal, e o de Félix Zuloaga, general-chefe do exército conservador.

Consequências da Guerra da Reforma

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O fim da guerra levou à intervenção francesa e ao Segundo Império Mexicano.

Além das perdas humanas, a principal consequência da Guerra da Reforma foi o enorme enfraquecimento militar, económico e político da nação mexicanaque ficou demasiado vulnerável para proteger as suas fronteiras.

Assim, após o governo de Benito Juárez ter anunciado a suspensão dos pagamentos da dívida externa, como tentativa de fazer face à precária situação económica interna, os governos de França, Espanha e Reino Unido anunciaram plano para invasão militar do país e enviaram suas tropas para Veracruz em 1862.

Juárez informou que o Estado mexicano reiniciaria os pagamentos assim que a situação económica o permitisse e convencesse a Espanha e o Reino Unido a retirarem as suas tropas. Porém, os planos de invasão da França não foram interrompidos e, pelo contrário, contaram com o apoio dos setores conservadores mexicanos. Assim começou a segunda intervenção francesa no México.

Como consequência, O governo de Maximiliano de Habsburgo foi estabelecido no México em 1864, conhecido como Segundo Império Mexicano.. No entanto, as reformas liberais estabelecidas pelo governo Juárez estabeleceram um precedente para uma nação mais moderna e democrática. Depois que a França retirou o apoio ao Império de Maximiliano, o Segundo Império caiu e a República foi restaurada em 1867, presidida novamente por Juárez.

Quem participou da Guerra da Reforma?

Os dois lados que se enfrentaram na Guerra da Reforma foram:

  • Os liberais. Liderado politicamente por Benito Juárez e militarmente por José Santos Degollado e Jesús González Ortega.
  • Os conservadores. Liderados pelos generais Félix Zuloaga e Miguel Miramón e apoiados pelas autoridades eclesiásticas.

Personagens da Guerra da Reforma

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Além de participar da guerra, Benito Juárez foi novamente presidente entre 1867 e 1872.

Algumas das figuras mais importantes da Guerra da Reforma foram:

  • Benito Juárez (1806-1872). Ele foi uma das figuras políticas mais proeminentes da história do México. Foi advogado e político da etnia zapoteca, conhecido como o “Benemérito das Américas”. Liderou as forças liberais que transformaram o Estado mexicano e ocupou vários cargos públicos ao longo da sua vida, incluindo o de Presidente da República, tornando-o uma figura icónica do movimento liberal. Depois de vencer a Guerra da Reforma e rejeitar os convites de Maximiliano para ingressar no governo imperial, tornou-se novamente presidente do México em 1867, posição a partir da qual dirigiu novas mudanças de tendência liberal. Morreu em 1872, quando a figura de Porfirio Díaz começava a ganhar destaque no México, que logo depois fundou o Porfiriato.
  • José Santos Degollado (1811-1861). Foi um soldado e político mexicano também dedicado à geografia, filosofia, física, matemática e gramática. Apelidado de “herói das derrotas” por sua capacidade de reorganizar seus exércitos após ser derrotado em combate, foi um firme defensor da causa de Benito Juárez. Morreu numa emboscada de grupos conservadores em 1861 e foi declarado “Benemérito de la Patria”.
  • Félix Zuloaga (1813-1898). Foi um soldado e político conservador que liderou o Plano Tacubaya, por meio do qual desrespeitou a Constituição de 1857. Foi nomeado presidente interino do México pelo lado conservador em 1858, gesto que desencadeou a Guerra da Reforma. Após a derrota conservadora na Guerra da Reforma, tentou, sem sucesso, aliar-se ao Segundo Império Mexicano e exilou-se em Cuba, de onde retornou após a morte de Juárez, para se dedicar à comercialização do tabaco e abandonar para sempre a política.
  • Miguel Miramon (1831-1867). Foi o general encarregado das tropas conservadoras, nomeado presidente interino entre 1859 e 1860 em oposição a Juárez. Após a derrota na Batalha de Calpulalpan, teve que deixar o México em 1861. Retornou do exílio em 1866 para ingressar no governo de Maximiliano de Habsburgo, com quem foi baleado no Cerro de las Campanas, em Querétaro, após sua derrota. contra os republicanos.

Leis de reforma

As Leis da Reforma foram um conjunto de leis liberais promulgadas pelo governo de Benito Juárez durante o seu primeiro mandato, apesar de estar em pleno confronto militar com os conservadores.

Entre 1859 e 1860 este conjunto de reformas estabeleceu a separação entre Igreja e Estadonacionalizou os bens eclesiásticos, permitiu o casamento civil e confiou ao Estado o registo civil da identidade dos cidadãos e a administração dos cemitérios.

Além disso, regulamentou os feriados, revogou a presença oficial obrigatória de funcionários nas festividades públicas da Igreja e declarou a liberdade de culto, pelo que a religião católica deixou de ser a única religião permitida. Estas leis constituíram um passo em direção a uma nova era social e política no México.

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Referências

  • Britannica, Enciclopédia (2015). A Reforma. Enciclopédia Britânica. https://www.britannica.com/
  • Fino de Cantu, GM (2015). História do México. Legado histórico e passado recente. Terceira edição. Pearson.
  • Secretaria de Defesa Nacional (2023). A Guerra da Reforma. Portal oficial do Governo do México. https://www.gob.mx/
  • por Wobeser, G. (coord.) (2014). História do México. Fundo de Cultura Econômica.