Explicamos o que é força de trabalho e como surge esse conceito. Diferença entre trabalho e força de trabalho. Exemplos.
Qual é a força de trabalho?
A força de trabalho é chamada capacidade mental e física de qualquer ser humano para realizar uma determinada tarefa. É um conceito cunhado por Karl Marx em sua doutrina, desenvolvido em sua obra O capitalpublicado pela primeira vez em 1867.
Marx afirmou na sua teoria do valor-trabalho que o valor de um bem ou serviço é determinado pela quantidade de trabalho ou esforço necessário para produzi-lo, e não pela utilidade que este bem pode oferecer ao seu consumidor ou proprietário. Desta forma, bens especiais que são particularmente difíceis de produzir terão muito mais valor do que outros.
A partir daí, o valor da força de trabalho numa determinada sociedade será a soma do valor (ou seja, do trabalho necessário para produzi-los) dos bens que compõem a cesta de consumo “básica” (média) da classe trabalhadora. .
A força de trabalho faria assim parte, juntamente com as matérias-primas e as ferramentas (meios de produção), da os processos produtivos da sociedade, isto é, aqueles em que se fornece os bens e serviços de que necessita. Em troca desta capacidade produtiva, a classe trabalhadora é recompensada com um salário, que constitui o cerne da exploração do homem pelo homem.
Veja também: Marxismo
Elementos da força de trabalho
Sendo a força de trabalho a capacidade humana para realizar o trabalho, os instrumentos dessa força serão as ferramentas necessárias para realizá-lo, conhecimento especializado (técnico ou processual) e os meios de produção (a fábrica, a maquinaria, etc.).
Não obstante, Para que a força de trabalho exista ela deve estar livre dos meios de produção e a sua remuneração deve ser o único meio de apoio; Isto significa que a força de trabalho de uma nação num determinado momento será o número de trabalhadores dispostos a trabalhar e com necessidade de emprego para satisfazer as exigências da sua família.
Mão de obra qualificada
A força de trabalho de uma sociedade é dividida em duas: a qualificada e a não qualificada, de acordo com o nível de experiência e educação que os trabalhadores possuem.
- A mão de obra não qualificada. É aquele que não recebeu nenhum tipo de treinamento (técnico ou processual), ou seja, ainda não possui conhecimento para exercer uma função. Isso significa que sua contratação deve proporcionar-lhes esse conhecimento.
- A mão de obra qualificada. É, no entanto, aquele que tem experiência ou conhecimento para realizar uma tarefa imediata e, portanto, aspira a melhores salários.
Diferenças entre trabalho e força de trabalho
Força de trabalho e trabalho realizado são duas coisas diferentes. Este último é o aspecto concreto, a materialização, do trabalho potencial que a força de trabalho contempla. Quer dizer, é a consequência de aplicar força de trabalho a uma tarefa.
Esta distinção é fundamental, segundo Marx e Engels, para compreender conceitos de economia política como mais-valia e lucro, fundamentais para o mecanismo de exploração da classe trabalhadora. Por outro lado, os economistas da época preferiam pensar o trabalho a partir do custo de formação do próprio trabalhador, o que chamavam de custo de produção da força de trabalho.
Com esta distinção, Marx afirma que o trabalhador vende sua força de trabalho ao capitalista, e não o seu trabalho, distinguindo assim o processo de trabalho do processo de valorização. O ponto chave nisto é que num dia de trabalho um trabalhador realiza mais trabalho na produção da mercadoria do que custa para reproduzir o valor da sua força de trabalho.
Dito de forma mais simples: um trabalhador produz para o capitalista mais do que ele e a sua família necessitam para sobreviver. Este excedente é a mais-valia, o lucro do proprietário da fábrica, pelo qual ele não pagará ao trabalhador (pagará apenas pela sua força de trabalho).
Exemplos de força de trabalho
Um exemplo para entender esse conceito é o seguinte. Suponhamos que um trabalhador têxtil esteja à procura de emprego, vendendo a sua força de trabalho.. Um capitalista o contrata para produzir roupas cujo custo de produção é de US$ 100, em troca de um salário de US$ 50.
Neste cenário, o capitalista não lhe paga pelo custo de produção de cada vestido, mas pela sua força de trabalho, estimada em metade. Porém, por cada peça de roupa que o trabalhador têxtil produz e o capitalista vende, ele obterá o custo do salário do trabalhador e mais 50% de mais-valia.
Assim, a força de trabalho também pode ser entendida como uma mercadoria que o trabalhador vende ao proprietário da fábrica têxtil.
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