Explicamos o que é epistemologia, quem são seus representantes e quais são suas principais ideias.
O que é epistemologia?
A epistemologia é um ramo da filosofia que estuda problemas relacionados à validade do conhecimento e como ele é obtido.
Devido aos seus muitos usos e significados, costuma-se dizer que Epistemologia é o estudo das condições de produção e validação do conhecimento científico.
A palavra é usada epistemologia para nomear pesquisas que tenham a ver com epistemologia ou teoria do conhecimento. Às vezes é confundido com metodologia, que trata da técnica e não das condições necessárias para a obtenção do conhecimento.
A função da epistemologia é investigar as circunstâncias históricas, psicológicas e sociológicas em que o conhecimento científico é produzido. Também é responsável por estudar os critérios que o justificam ou invalidam.
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O que a epistemologia estuda?
A epistemologia como ciência é considerada um dos ramos da filosofia. Estudar como e em que condições o conhecimento científico é produzido. Alguns dos elementos com os quais trabalha são:
- As circunstâncias objetivas, históricas e sociais da produção dos diferentes tipos de conhecimento considerados científicos
- Os critérios usados para considerar algo como científico.
- Os conceitos: verdade, justificação, hipótese, corroboração, entre outros.
Etimologia
A palavra epistemologia vem do termo episteme, que significa “conhecimento” ou “ciência”, junto com o sufixo –apresentarque significa “estudo, razão ou discurso lógico”. Isso se traduz como “estudo do conhecimento”.
No passado, os pensadores clássicos usavam o termo “episteme” para se referir a um conhecimento diferente daquele que poderia ser obtido através da “tekne” ou técnica, que era o conhecimento instrumental. Também se destacou o episteme de “doxa” ou conhecimento geral, associado à opinião comum e informal.
História e correntes epistemológicas
A epistemologia como ciência desenvolvida nos séculos XIX e XX. No entanto, sua história remonta à Antiguidade e a filósofos como Platão e Aristóteles. Já então o episteme se opôs ao doxaque era conhecimento vulgar. Para Platão, o conhecimento era obtido a partir de ideias, enquanto para Aristóteles todo conhecimento nascia da experiência obtida através da sensibilidade.
Durante o Renascimento e a Idade Moderna consolidou-se a busca pelo conhecimento científico. Os métodos epistemológicos consistiam então na análise e síntese dos fenômenos vivenciados através da experiência humana.
Filósofos como Johannes Kepler (1571-1631), Galileo Galilei (1564-1642), René Descartes (1596-1650) ou Immanuel Kant (1724-1804) aprofundaram e ampliaram os critérios utilizados para analisar a obtenção do conhecimento científico. Ainda assim, Quem mais se aproximou do significado contemporâneo da epistemologia foi John Locke (1632-1704), em seu Ensaio sobre inteligência humana.
Por sua vez, o Discurso do métodode Descartes, e Crítica da razão purade Kant, resultou em critérios rigorosos para estabelecer os limites e possibilidades do ser humano em sua tentativa de encontrar o conhecimento estritamente científico.
Por outro lado, A escola epistemológica que teve maior influência a nível teórico foi a dos neopositivistas lógicos. Agrupados no Círculo de Viena, seus intelectuais estudaram as formas lógicas do pensamento e a construção do conhecimento científico. Bertrand Russell e Ludwig Wittgenstein foram suas maiores inspirações.
Alguns filósofos como Carnap, Neurath e Hempel formaram a primeira grande escola de epistemologia do século XX: foram encarregados do estudo das formas lógicas dos enunciados e estabeleceram critérios baseados na lógica.
Karl Popper foi o primeiro a discutir as bases sobre as quais foi proposta a epistemologia dos neopositivistas lógicos, ao criticar o critério da indução (processo pelo qual se passa de um enunciado singular a um conhecimento mais geral). Popper afirmou que a indução era impossível. e isso teve graves consequências para o conhecimento científico. Ele o substituiu pelo método lógico-dedutivo, que afirma que nenhuma teoria é verificada, mas apenas corroborada até que novos conhecimentos a questionem.
O século XX, herdeiro das correntes transcendental, idealista e vitalista dos séculos XVIII e XIX, viu surgir a hermenêutica. Esta é uma teoria filosófica desenvolvida por Hans-Gadamer (1900-2002), continuador dos trabalhos de Friedrich Schleiermarcher (1768-1834), Wilhelm Dilthey (1833-1911), Edmund Husserl (1859-1938) e Martin Heidegger (1889). – 1976).
A hermenêutica surgiu como o método das ciências humanas (história, política, economia e arte) para interpretar e compreender os fenômenos objeto de suas investigações. Daí o uso da palavra hermenêuticaque vem do grego hermeneueinque significa “interpretar”, mas também “anunciar”.
Esse processo gradual sobre a possibilidade do conhecimento resultou na epistemologia como uma ciência estrita, focada em distinguir, apontar e analisar as condições históricas e sociais em que se originam todas as formas de conhecimentoseja conhecimento histórico ou contemporâneo, social ou exato, prático ou intelectual.
Principais representantes da epistemologia
A epistemologia é um ramo da filosofia em constante desenvolvimento. Ao longo da história da filosofia ocidental, diferentes pensadores contribuíram para dar à epistemologia uma especificidade própria. Alguns deles são:
- Carlos Popper (1902-1994). Crítico do neopositivismo lógico, propôs o método lógico-dedutivo como ferramenta para corroborar teorias científicas.
- Rodolfo Carnap (1891-1970), Otto Neurath (1882-1945) e Carlos Hempel (1905-1997). Parte do Círculo de Viena, estes três autores imigraram para os Estados Unidos e trabalharam para esclarecer a natureza da explicação científica.
- Hans Gadamer (1900-2002). Fundador da hermenêutica, mudou a epistemologia voltando-a para a interpretação e compreensão do discurso.
- Paulo Ricoeur (1913-2005). Filósofo hermenêutico e fenomenólogo francês, combinou a descrição fenomenológica com a interpretação hermenêutico-epistemológica.
Além de Popper, Carnap, Gadamer e Ricoeur, muitos outros filósofos e pensadores foram, em determinado momento da sua história filosófica, representantes ou praticantes da epistemologia. Sendo uma prática filosófica ligada ao método e à possibilidade de conhecer, é muito comum que todo filósofo relativamente sistemático pense pelo menos uma vez sobre sua posição e prática epistemológica.
Epistemologia, filosofia da ciência, epistemologia e metodologia
É importante distinguir a epistemologia da filosofia da ciência, da epistemologia e da metodologia.
- A epistemologia. Estuda como o conhecimento é produzido em geral, seja científico, prático ou sensível. Muitos autores contemporâneos buscam unir epistemologia e epistemologia. Na verdade, não existe uma palavra científica para epistemologia em inglês, mas sim é conhecida como gnoseologia. No entanto, a epistemologia refere-se estritamente ao conhecimento científico e não ao conhecimento geral.
- A filosofia da ciência. Estudar os diferentes tipos de conhecimento (seja científico ou metafísico). Tem uma abordagem mais ampla do que a epistemologia. Suas questões são aquelas que investigam, por exemplo, se sabemos através dos sentidos ou da razão. Por sua vez, a epistemologia parte de uma base já estipulada e não procura investigar estas questões.
- A metodologia. Estude os processos necessários para atingir determinados conhecimentos. Não procura investigar as condições em que a investigação é realizada ou as suas condições de legitimação. Pode ser considerado um dos ramos mais associados à tecnologia. O metodologista não questiona o conhecimento aceito por uma comunidade científica. Seu trabalho está relacionado a estratégias que visam aumentar o conhecimento disponível.
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Referências
- Grondin, J. (1999). Introdução à hermenêutica filosófica. Pastor.
- Ontem, AJ (Ed.). (1965). positivismo lógico. FCE.
- Bachelard, G. (1975). Epistemologia. Anagrama.
- Waetofsky, MW (1973). Introdução à filosofia da ciência, 2 vôos. aliança
- Verneaux, R. (1999). Epistemologia geral ou crítica do conhecimento. Pastor.