Explicamos o que é o Dia dos Mortos na América Latina, sua origem e as caveiras literárias. Além disso, o altar dos mortos e suas oferendas.
Qual é o dia dos mortos?
O Dia dos Mortos é uma celebração tipicamente mexicana e de outras regiões da América Latina (como Bolívia, Peru, Equador e Guatemala), na qual o culto é prestado aos parentes falecidos e à própria morteatravés de diversos rituais como decorações coloridas, fantasias, culinária especial e certas formas de recitação.
A riqueza cultural desta tradição é tal que a UNESCO a considera Obra-Prima do Património Oral e Imaterial da Humanidade desde 2008. É comemorado nos dias 1 e 2 de novembro de cada ano.
O Dia dos Mortos é uma das tradições mais famosas e visitadas do México, inspirando inúmeras obras de ficção e protagonizando registros documentais. Seu conceito básico É uma breve reunião noturna de pessoas com seus parentes falecidos, para comer, beber e comemorar.
Esta tradição é um exemplo perfeito de sincretismo cultural, visto que é uma mistura complexa de raízes pré-colombianas e influência católica hispânica, e está relacionada de diferentes maneiras com o Dia de Todos os Santos (1º de novembro) e o Dia de Todos os Santos. (2 de novembro), típico das igrejas cristãs. Estas três celebrações diferentes não devem, no entanto, ser confundidas.
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Origem do Dia dos Mortos
A origem exata do Dia dos Mortos é fonte de controvérsia e debate. Estima-se que Tem raízes pré-colombianas firmes, que remontam a cerca de 3.000 anos, à civilização mesoamericana. e especialmente aos povos Nahua, cuja visão cíclica do universo entendia a morte como parte indispensável da existência.
Para eles a morte estava de fato despojada das conotações morais do cristianismo medieval e há ampla evidência dos ritos celebrados na antiga Teotihuacán e no Império Mexica como parte de um culto permanente ao falecido cuja tarefa era guiar os falecidos em sua jornada pelos diferentes reinos da vida após a morte.
No entanto, há quem destaque as raízes europeias desta celebração, estabelecendo ligações com os ritos em homenagem aos falecidos da Igreja Católica na Itália e na Espanha, e que teriam sido implementados no vice-reinado do México sob a colonização espanhola.
Segundo este ponto de vista, a sociedade mexicana teria convenientemente ignorado a percentagem de património europeu desta festa durante o seu longo período de nacionalismo revolucionário no início do século XX, a fim de minimizar a importância da Igreja Católica no imaginário popular. .
É também provável que este rito pertença à herança pré-colombiana mexicana e tenha sido substancialmente modificado durante os séculos de colonização, sendo o que conhecemos hoje o resultado direto desse processo de hibridização cultural.
Altar de mortos
O altar dos mortos é uma das decorações mais comuns do Dia dos Mortos mexicano, que consiste na instalação de coloridos altares domésticos nos quais são prestadas homenagens aos familiares falecidose a homenagem é oferecida em forma de velas, comidas, bebidas, flores e objetos de uso diário de cada falecido.
Estes altares mostram a fusão cultural típica desta celebração, combinando o Nahua tlamanalli (“oferendas”) com a ornamentação do altar religioso católico.
Esses altares muitas vezes refletem uma visão complexa do mundo material e imaterialatravés não apenas de suas oferendas aos falecidos, mas também de um número variável de níveis de altar, que vão de 1 a 3 níveis até imensos altares de 7 níveis.
Cada um dos níveis representa algum aspecto religioso, como a Santíssima Trindade ou os Sete Pecados Capitais, e ao mesmo tempo os diferentes mundos dos mortos disponíveis para a alma recentemente falecida na tradição local pré-colombiana.
Ofertas do Dia dos Mortos
Entre as ofertas mais comuns feitas aos falecidos durante o Dia dos Mortos estão:
- Coroa de flores, especialmente girassóis, rosas e malmequeres (“flor de veludo” em Nahuatl). Os túmulos geralmente são decorados diretamente com eles ou colocados nos altares dos mortos.
- pão dos mortosuma espécie de pão doce com erva-doce, assado em diversos formatos, seja redondo, de osso ou de caveira, sobre o qual se polvilha açúcar, semelhante aos “huesitos de muerte” espanhóis.
- crânios alfeñiquedoces feitos com açúcar, chocolate, amaranto, baunilha e outras substâncias, nos quais geralmente está escrito o nome de parentes vivos.
- Pertences pessoais do falecidodesde utensílios do dia a dia até retratos e roupas.
- Abóboras em tachaou seja, abóboras cristalizadas com mel ou panela, e cujo doce cristalizado é denominado abóbora.
- Incenso e copalsendo esta última um certo tipo de resinas vegetais aromáticas, intermediárias entre a resina e o âmbar.
- Cruzes feito de sal, cinza, terra ou cal, no topo dos altares e muitas vezes ao lado do retrato do falecido homenageado.
- Comida caseira, bebidas alcoólicas, água.
Crânios literários do Dia dos Mortos
Os crânios literários São uma espécie de composição poética rimada, de origem popular e tradicionalque no México são compostas na véspera do Dia dos Mortos.
Geralmente são escritos como um epitáfio, no qual certas pessoas vivas são retratadas de maneira satírica ou humorísticaacompanhados de desenhos de caveiras, especialmente Catrina (morte) ou Calavera Garbancera, figura criada pelo caricaturista José Guadalupe Posada (1852-1913).
As caveiras literárias são do século XIX e foram publicadas pela primeira vez em 1879, no jornal O Socialista, de Guadalajara. Em sua época, foram muitas vezes censurados, pois serviam de instrumento de protesto ao expressar conteúdos satíricos que zombavam dos poderosos.
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Referências
- “Dia dos Mortos” na Wikipedia.
- “Dia dos Mortos: de onde vem a relação especial do México com a morte” na BBC News Mundo.
- “Dia dos Mortos: esta foi a mistura de tradições que deu origem à celebração mais importante do México” em Infobae.
- “Mexicanos celebram o Dia dos Mortos” (vídeo) na Euronews.
- “Dia dos Mortos” em History.com.