Assíndeto

Explicamos o que é um assíndeto e vários exemplos. Além disso, o que é um polissíndeto e outras figuras de linguagem.

Assíndeto de Júlio César
A famosa frase de Júlio César ganha solenidade graças ao assíndeto.

O que é assíndeto?

O assíndeto é um figura literária que consiste na supressão de uma ou mais conjunções ou conexões dentro de uma frase que normalmente os teria (por exemplo, uma enumeração), para intensificar o que foi dito. O nome desta figura vem das palavras gregas a- (“pecado”), sin (“com”) e o dia (“anexar”). A figura oposta ao assíndeto é polissíndeto.

O Assíndeto pertence ao grupo das figuras de linguagem. Este tipo de figuras caracteriza-se pela alteração do som ou forma das palavras ou da sua posição na frase. Dentro das figuras de linguagem, faz parte das figuras de omissão, junto com a elipse (omissão de um elemento em uma frase), a paralipse (a alusão à omissão de um elemento, para chamar a atenção para ele) e a zeugma (uso de uma palavra apenas uma vez, quando deveria ser usada diversas vezes), entre outros.

O assíndeto é relativamente comum na linguagem literária. Dá maior paixão ou dinamismo à frase e marca a continuidade entre uma série de ações. Um exemplo muito claro é a famosa frase de Júlio César (século I a.C.) “Vim, vi, conquistei” (Eu vim eu vi eu conquistei), em que a vírgula entre vi e vicí substitui a conjunção copulativa e. Desta forma, destaca-se a continuidade entre as ações. Isto é reforçado pela repetição dos mesmos sons em todos os três verbos (retoricamente, uma aliteração), o que é especialmente destacado na frase original em latim.

Pode te ajudar: Texto literário

Exemplos de assíndeto

Alguns exemplos de assíndeto na literatura são os seguintes:

“Desmaie, ouse, fique furioso,
áspero, terno, liberal, evasivo,
encorajado, mortal, falecido, vivo,
leal, traidor, covarde e corajoso;

não encontrar o centro e descansar fora do bem,
parecer feliz, triste, humilde, arrogante,
irritado, corajoso, fugitivo,
satisfeito, ofendido, desconfiado.”

Lope de Vega, soneto 126

“[…] gosta de pescoço, cabelo, lábios e testa,
mais cedo do que era na sua idade de ouro
ouro, lírio, cravo, cristal brilhante,

não só em prata ou viola truncada
vira, mas você e isso juntos
na terra, na fumaça, na poeira, na sombra, no nada.”

Luis de Góngora, “Enquanto compete pelo seu cabelo”

“Eu estava entre os ruídos,
ferido,
gravemente ferido,
ainda,
em silêncio,
ajoelhado antes da tarde,
diante do inevitável […].”

Oliverio Girondo, “Aparición urbana”

“É a rosa entreaberta
de onde flui a sombra,
a rosa implica
que dobra e expande
evocado, invocado, endereçado,
É o batom rosa,
os feridos levantaram-se.”

Xavier Villaurrutia, “Noturno Rosa”

“Dia, noite, pôr do sol, madrugadas, espaços,
ondas novas, velhas, fugitivas, perpétuas,
mar ou terra, navio, cama, pena, cristal,
metal, música, lábio, silêncio, vegetal,
mundo, quietude, sua forma. Eles se amavam, saiba disso.

Vicente Aleixandre, “Eles se amavam”

Alguns exemplos não literários de assíndeto são os seguintes:

  • Fui ao mercado e comprei tomate, batata, cebola.
  • Na rua tinha gente com máscara, gente sem máscara, gente por todo lado.
  • O melhor é ser feliz, não esperar nada de ninguém, depender apenas de você.
  • A noite estava fria, irregular, tempestuosa.
  • Aquelas mulheres gritavam, dançavam, se despiam, enquanto ele ainda estava no quarto.
  • Naquela noite bebemos rum, uísque, mojito, champanhe, Coca-Cola.

Polissíndeto

Polissíndeto é o oposto de assíndeto. Consiste em adicionar conjunções ou conexões em uma frase que poderia faltar.. Geralmente confere ao que é dito maior expressividade e uma sensação de imediatismo ou simultaneidade. Alguns exemplos são:

  • Tive que preencher um formulário, e depois outro, e depois outro, e outro.
  • Eles visitaram Londres e Paris e Roma e Veneza e Madrid e Barcelona.
  • Revisei o texto uma vez e o corrigi e li novamente e depois reli mais uma vez.
  • A relação entre eles era complicada: brigavam, faziam as pazes, brigavam de novo e voltavam a ser amigos, e assim por diante, o tempo todo.
  • A mulher falou e implorou e gritou e chorou e gritou de novo, mas ninguém a ouviu.

Mais em: Polissíndeto

Figuras retóricas relacionadas ao assíndeto

O assíndeto é uma das figuras de linguagem retórica. Dentro destas, pertence ao grupo das figuras de omissão. Outras figuras deste grupo são:

  • Braquilogia. Consiste na utilização de uma expressão curta equivalente a outra mais ampla. Por exemplo: “Acreditei que ia morrer” (equivalente a “Achei que ia morrer”).
  • Elipse. É a omissão de alguns elementos de uma frase. Por exemplo: “Para um olhar, um mundo; / para um sorriso, um céu; por um beijo… não sei / o que eu te daria por um beijo!” (Gustavo Adolfo Bécquer. Nos dois primeiros versos omite-se a frase “que te deu”).
  • Paralipse. Consiste em aludir a um elemento omitido, a fim de chamar a atenção para ele. Por exemplo: “Não direi que estou surpreso com esta bela recepção”.
  • Zeugma. É o uso de uma palavra apenas uma vez, quando deveria ser usada diversas vezes. Por exemplo: “Eu não sou o amor, amante / a Morte que Deus te manda” (Anônimo. O verbo sojausado no primeiro versículo também deve aparecer no final do segundo versículo).

Continue com: Denotação e conotação

Referências

  • Angelo Marchese e Joaquín Forradellas, Dicionário de retórica, crítica e terminologia literáriaBarcelona, ​​​​Ariel, 1986.
  • “Asíndeton”, en https://es.wikipedia.org/
  • “Assíndeton”, no Dicionário da Língua da Real Academia Espanhola. https://dle.rae.es/
  • “Asíndeton”, en Glossário de termos poéticos da Universidade do Chile. http://web.uchile.cl/