Dialogismo

Explicamos o que é dialogismo e como esse recurso retórico é utilizado. Além disso, oferecemos exemplos de dialogismo em obras famosas.

O dialogismo é uma estratégia expressiva muito antiga.

O que é dialogismo?

O dialogismo É um dispositivo retórico em que as ideias de um indivíduo ou personagem são expressas como se fizessem parte de um diálogo. consigo mesmo, com terceiros ou entre terceiros. Esta é uma estratégia expressiva muito antiga, cujo melhor exemplo vem da antiguidade clássica: a Diálogos do filósofo grego Platão (c. 427-347 a.C.), em que imagina seu filósofo e professor Sócrates (470-399 a.C.) conversando sobre diversos assuntos com alguns de seus alunos, como recurso para explicar melhor suas ideias.

A palavra “dialogismo” vem da mesma raiz de “diálogo”, ou seja, do latim diálogo e este do grego em diálogos composto por vozes é (“dois e logotipos (“palavra”). Daí que possa ser traduzido como “conversa a dois” ou “troca entre duas pessoas”.

O diálogo como estratégia retórica não foi utilizado apenas por Platão, mas também fez parte de obras filosóficas, literárias e teóricas posteriores. O dialogo É considerado um dos principais mecanismos de demonstração e troca de ideiase sua utilização na concepção de estratégias educativas e reflexivas tem sido objeto de estudos e considerações de pensadores como Mikhail Bakhtin (1895-1975), Jean Piaget (1896-1980) ou Lev Vygotsky (1896-1934).

O dialogismo, por sua vez, introduz um diálogo intencional (isto é, fictício) no discurso, a fim de dar às ideias um significado mais explícito e evidente, ou simplesmente para buscar um efeito estético. Isso pode ser feito em poemas, canções, histórias e reflexões de qualquer espécie, sendo também um artifício muito utilizado na fala coloquial.

Pode ajudá-lo: Recursos literários

Exemplos de dialogismo

Alguns exemplos de dialogismo são:

  1. No poema “Rima XXI” de Gustavo Adolfo Bécquer (1836-1870):

O que é poesia?, você diz, enquanto prega
na minha pupila, sua pupila azul,
O que é poesia! E você me pergunta?
Você é poesia.

Bécquer, G. (1977). livro dos pardais. Editorial Copasa.

  1. No diálogo socrático de Platão “Eutífron”:

Soc. –– Sobre quais questões a disputa produz inimizade e irritação? Vamos examiná-lo. Se você e eu discutirmos sobre qual dos dois números é maior, a discussão sobre isso nos torna inimigos e nos irrita um contra o outro, ou concordaríamos rapidamente nessas questões recorrendo ao cálculo?

Eut. — Definitivamente.

Soc. –– E se discutíssemos sobre o maior e o menor, recorreríamos à medição e, imediatamente, abandonaríamos a discussão?

Eut. — Assim é.

Soc. –– E recorrendo à pesagem, não decidiríamos pelo mais pesado e pelo mais leve?

Eut. — Como não?

Soc. –– Ao discutir sobre qual assunto e não conseguirmos chegar a qual decisão, seríamos inimigos e ficaríamos irritados uns com os outros? Talvez você não perceba isso no momento, mas, como eu digo, pense se essas questões são o justo e o injusto, o belo e o feio, o bom e o mau.

Platão. (1981). Diálogos. Gredos.

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Referências

  • Dicionário Etimológico Espanhol Online. (sf). “Etimologia do Diálogo”. https://etimologias.dechile.net/
  • Faita, D. (2013). “Dialogismo”. Laboreal, vol. 9, nº 1.
  • Real Academia Española. (2022). “Dialogismo”. Dicionário da Língua Espanhola. espada